A história humana fornece, em trajes dramáticos, contundentes provas acerca da capacidade desestabilizadora do homem, enquanto parte de um sistema complexo e caótico, o qual se denomina sociedade. Quantos povos, culturas e etnias já não sofreram hostilidades incompreensíveis forjadas por seus semelhantes? Surpreendentemente, após milhares de primaveras, o sonho de muitos mártires floresce a partir de uma realidade bastante debatida e criticada: a globalização, que, apesar de seu viés capitalista, carrega a esperança de uma sociedade integrada e mais humanística.
Nesse contexto, é natural que o homem almeje atenuar as diferenças e resolver antigos conflitos, evoluindo enquanto espécie. Diante desse desafio, três passos podem ser indicados, traços de uma teoria sistêmica.
O primeiro consiste na consideração das causas dos conflitos sociais em um contexto macro. De nada adianta promover a falácia de que os famintos nos continentes sul-americano e africano pouco têm em comum, ou de que a pobreza não é um problema dos países industrializados. Como identificar as verdadeiras causas através da análise de um restrito contexto? Precisa-se construir o entendimento de que os problemas sociais estão intrinsecamente correlacionados espaço-temporalmente e, portanto, devem ser abraçados por todas as nações, as quais devem estabelecer responsabilidades mútuas.
Mais complexo, o segundo passo requer uma característica pouco comum às últimas gerações: a autocrítica. Sabe-se que, sob a tutela da impunidade, coexiste entre os homens a corrupção que, sendo uma vantagem situacional, promove a desigualdade. No entanto, o cultivo de uma ética familiar e comunitária condicionaria cada indivíduo a agir de acordo com a premissa da auto-reflexão. Assim, possivelmente, uma pessoa infiel ao cônjuge poderia evitar a infidelidade à nação através de uma consciência dualista, do acerto e do erro. Claramente, os valores familiares e a vida em comunidade refletem-se no macro, consolidando-se, portanto, como as pedras fundamentais para mudanças sociais.
O último passo é comumente recitado por muitos especialistas: o redimensionamento dos investimentos. Entretanto, a real aplicação dessa etapa falha em não fundamentar-se na consideração dos princípios anteriores. Essencialmente, as ações políticas não surtem efeito porque constituem atos isolados. Os estados democráticos não amadureceram o suficiente para subsidiarem importantes projetos sociais no longo prazo, devido a compromissos com a conquista de novos mercados e com a atração de mais capital em detrimento a uma gestão sábia dos recursos existentes. Nem tampouco as pessoas se conscientizaram de suas parcelas de responsabilidade. Ainda falta à humanidade o entendimento de que a construção de uma consciência ética una constitui um pré-requisito para grandes mudanças sociais, através de ações pautadas no comprometimento com a ética social e no senso de coletividade.
Espera-se que as conseqüências dessa práxis resultem no incentivo concreto e contínuo à educação e à cultura e na implantação de políticas de desenvolvimento sustentável. Tais medidas devem ser respaldadas, em primeira instância, individualmente, restando, então, a esperança de que cada ser humano reconheça-se como um agente de mudança social para a formação de uma coletividade harmoniosa, um todo integrado, caminhando sob um mesmo ideal de união e rumo à justiça social.
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