sábado, 13 de outubro de 2007

Somo todos iguais?

Conseqüências patológicas da massificação humana

Viajemos a um lugar hipotético no espaço-tempo onde as únicas manifestações físicas da matéria fossem, além ti, um enorme espelho à vista e uma ínfima fonte de luz.

Tudo ali decorre de tuas prórias ações. Nada parece resistir aos teus movimentos: adiante, a imagem dança conforme a tua vontade. Neste lugar de profundo isolamento, todas as respostas emanam de tua mente: a tua realidade toma forma a cada instante, a cada pensamento. Tudo é perfeitamente previsível.

Subtamente, aquele espelho reflete
espontaneamente algo nunca antes visto: a imagem de um ser distinto aproxima-se lentamente. Vem de uma direção a qual não costumas olhar. Imóvel e em choque, percebes que a realidade não mais está sob controle. Enxergas um indesejável intruso que não responde as tuas vontades. Medo, insegurança. O desconhecido te inquere, te incomoda, te desafia.

Aquele ente posiciona-se ao teu lado. O velho espelho reflete movimentos diferentes, sóbrios, leves. A fonte de luz parece agora iluminar mais incisivamente aquele, indesejável. Perdes luminância. Estais prestes a sucumbir na escuridão. Teus movimentos não atraem mais luz que o teu próximo.

Mas a tua mente, resiliente, reproduz aqueles novos movimentos, diferentes. E a luz que antes desvaneicia, torna a te iluminar intensamente. Mas não como outrora. O universo não é indiferente.

O tamanho do universo te deprime?

Sou um grande fã do senhor David Deutsch - físico israelense considerado o "papa" da computação quântica. Não somente pela sua geniosidade, mas também pela forma simples, descontraída e otimista de enxergar o mundo.

Faz tempo que esse grande homem, considerado por muitos como um futuro ganhador do Nobel de física, não atualiza o seu blog. Mesmo assim, vale a pena passar por lá e desfrutar algums de seus pensamentos irreverentes, como esse breve post que tomei a liberdade de traduzir:

"Algumas pessoas ficam deprimidas quando descobrem o quão grande é o universo. Elas se sentem pequenas e insignificantes e pensam que nada mais importa nesse mundo.

Isso é tão sem sentido quanto deprimir-se quando você descobre que as vacas são maiores que você. Qual é o problema com a 'grandeza' das coisas? Uma vaca é muito maior que você, mas é um animal ridículo e você é uma pessoa valiosa. Você sabe que é só uma vaca. Ela não sabe de nada. [Ela] Apenas permanece lá comendo grama (grama!) e hibernando. E se ela fosse ainda maior, isso somente a faria ainda mais ridícula.

Eu acho que [isso] é uma completa refutação da idéia de que o tamanho do universo nos torne insignificantes, ou que [saber o tamaho do universo] seja deprimente."

por David Deutsch.

Texto em inglês:
http://www.qubit.org/people/david/index.php?blog=20050309193428